domingo, 27 de julho de 2014


Grande guerra
O assassinato do arquiduque austríaco Francisco Ferdinando pelas mãos de um militante separatista sérvio no dia 28 de junho de 1914 foi o ponto zero do conflito que começaria um mês depois, arrastando para dentro de si dezenas de nações. Até o Brasil.
A “Grande Guerra” foi de 28 de julho de 1914 até 11 de novembro de 1918 e matou mais de 9 milhões de militares (somando os 4 milhões “desaparecidos”).
Na próxima segunda-feira, faz cem anos que o Império Austro-Húngaro decidiu invadir a Sérvia, abrindo a Primeira Guerra Mundial. O embate tirou de cena a Inglaterra – até então desempenhando o papel de superpotência global –, e colocou no lugar dela os Estados Unidos.
O infográfico a seguir narra alguns dos principais eventos da guerra, com proezas militares e um Natal inusitado.

O Brasil na Primeira Guerra Mundial
A participação brasileira na Grande Guerra não foi muito expressiva. O país decidiu declarar guerra à Alemanha e à Tríplice Aliança em resposta ao torpedeamento de navios da Marinha Mercante do Brasil. O primeiro a ser afundado, em 1917, foi o vapor Paraná que navegava na região do Canal da Mancha. Posteriormente, outras embarcações foram atacadas: o navio Tijuca, o vapor Lapa e o encouraçado Macau. Como indenização de guerra, o governo brasileiro confiscou 42 navios alemães que estavam em portos nacionais.
A população indignada com os ataques alemães pressionava para que o Brasil entrasse na guerra. Em 26 de outubro de 1917, Venceslau Brás, então presidente da república, declarou oficialmente guerra contra a Alemanha. Para auxiliar os Aliados, nosso país enviou alguns cruzadores ligeiros e contratorpedeiros para proteger parte do Atlântico – infelizmente parte da tripulação foi vitimada pela gripe espanhola – e dez aviadores para auxiliar o Corpo de Aviação Naval da Grã-Bretanha.
Ainda foram destacados sargentos e oficiais para se juntarem ao exército francês e uma missão médica composta por cirurgiões para atuar em hospitais de campanha. O brasileiro José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque recebeu condecorações de franceses e belgas por bravura a frente de seus pelotões. Quando voltou para o Brasil, participou da organização da primeira unidade de tanques devido à experiência adquirida em carros de combate.
Ao final da guerra, em 1919, o Brasil participou da Conferência de Versalhes com uma comitiva chefiada pelo futuro presidente Epitácio Pessoa. Posteriormente, também esteve  presente nas conferências que instituíram a Liga das Nações, precursora da ONU.



 Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=1486856&tit=Grande-guerra#ancora. <acesso em 27/07/14>

sábado, 10 de maio de 2014

Batalha naval abala os mares do Paraná

Em 1850, Paranaguá foi palco do chamado Combate de Cormorant, em que navio inglês apreendeu embarcações brasileiras por suposto tráfico de escravos
Publicado em 10/05/2014 | 
A perseguição implacável do navio inglês Cormorant a quatro embarcações brasileiras provocou um tenso combate no Litoral paranaense em 29 de junho de 1850. Na ocasião, foram aprisionados os barcos Dona Anna e Sereia e a galera Campeadora. Para não ter o barco apreendido, o comandante do Astro provocou o afundamento do próprio navio.
O historiador Romário Martins escreveu que o combate teve como pretexto evidências de que os barcos estariam transportando escravos em um período em que já havia leis que proibiam essa prática no país. A Lei 7 de novembro de 1831 declarava “livres todos os escravos vindos de fora do Império” e impunha “penas aos importadores dos mesmos escravos”. Martins destacou, contudo, que isso não impediu que a importação de escravos continuasse. Registros escritos pelo historiador inglês Leslie Bethel revelam que o Sereia, por exemplo, havia transportado 800 escravos até Macaé (RJ) algumas semanas antes e o Dona Anna desembarcado outros 800 escravos em Dois Rios (RJ) em março de 1850.
Abolição
Poucos movimentos preocupavam-se com o bem-estar dos negros
Antes do fim da escravidão, no dia 13 de maio de 1888, com a sanção da Lei Áurea, o Paraná foi palco de alguns movimentos abolicionistas. O professor de História Daniel Medeiros afir­ma que, desde o início dos anos 1880, surgiram sociedades emancipadoras, como a So­ciedade Emancipadora Paranaense, a Sociedade Libertadora do Paraná (formada só por mulheres) e o Clu­be Abolicionista do Paraná. “Pou­cos, porém, associavam a luta ao bem-estar dos negros, mas a uma mudança na sociedade que visava ‘melhorar’ o Brasil aos olhos do mundo, trazendo imigrantes para cá”, ressalta.
A historiadora Joseli Mendonça afirma que os abolicionistas usavam os jornais para divulgar suas ideias. “Alguns representavam escravos na Justiça para que fossem alforriados. Havia movimentos de arrecadação de dinheiro para comprar a alforria de escravos”, relata. Entre essas comunidades destacam-se também a Sociedade de Redenção Paranaguense e a Sociedade Ultimatum, em Curitiba. Elas promoviam a fuga de escravos para outras localidades, como o Uruguai. Consta que em Paranaguá conseguiram 74 cartas de alforria.
“Os egressos da escravidão encontraram uma série de dificuldades para viabilizar seus projetos de vida em liberdade em razão da falta de políticas públicas”, ressalta Joseli.
O atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Ernani Straube, afirma, porém, que no interior das embarcações brasileiras não chegaram a ser encontrados escravos no momento da abordagem do Cormorant, o que desencadeou o conflito. “A população se uniu contra essa ação dos ingleses na costa brasileira”, afirma.
O comandante do Cormorant, capitão Hubert Schumberg, entregou um ofício destinado ao comandante da Força de Paranaguá sobre os acontecimentos, mas as autoridades se negaram a receber o documento. Na noite daquele dia 29, um grupo de Paranaguá se revoltou com a ação inglesa e foi até a Fortaleza da Barra, na Ilha do Mel, para combater o Cormorant.
Na manhã do dia seguinte, os improvisados “guerreiros” desembarcaram na Ilha do Mel. Para eles, um navio de guerra estrangeiro havia confiscado e apreendido embarcações nacionais dentro do porto. Isso seria o suficiente para uma reação armada do Brasil.
Ao avistarem o navio inglês perto da Barra, tentaram encaminhar um ofício a ser entregue por um sargento da Guarda Nacional às tropas inglesas. “O barco que o levava foi recebido a balas”, afirma Straube. Assim, começou uma troca de tiros entre ingleses e paranaenses. Por 30 minutos, a troca de tiros foi intensa. “Apenas um marinheiro morreu no conflito”, conta Straube. A batalha só terminou quando o Cormorant saiu da mira dos parnanguaras.
Somente dois meses depois, em setembro de 1850 – apoiado pelo governo inglês –, o tráfico de escravos para o Brasil foi reprimido de vez. A Lei Eusébio de Queiroz reforçou que embarcações brasileiras ou estrangeiras encontradas em qualquer parte poderiam ser apreendidas
.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1467760&tit=Batalha-naval-abala-os-mares-do-Parana. Acesso em 10/05/2014.

sábado, 8 de março de 2014


Paraná “nasceu” há 10 mil anos









Primeiros habitantes vieram dos Andes e da Amazônia, atraídos pelo clima e alimentos. Eles disputavam espaço com tigres e mastodontes
Publicado em 08/03/2014 | 
  • 4)
Um território tomado por aproximadamente 200 mil índios, a maioria pertencente aos ancestrais dos atuais povos Kaingang, Xokleng, Xetá e Guarani (na época chamados Carijós devido à plumária dos adornos que usavam). A história do que conhecemos hoje como Paraná remonta há mais de 10 mil anos. Antes da “descoberta” dos colonizadores europeus, a área era tomada por indígenas que foram pegos de surpresa com a chegada do homem branco.
Os primeiros povos a chegarem ao Paraná eram oriundos de terras andinas e amazônicas. Nesse período, conforme a arqueóloga do Museu Paranaense Cláudia Parellada, o clima era mais frio e seco, com a vegetação predominante de campos e cerrados. Esses povos conviveram com animais já extintos, como a preguiça gigante, o mastodonte e o tigre dente de sabre, fazendo grandes pontas de projéteis, caçando aves, pequenos mamíferos e roedores, além da pesca.
Ivovnaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Ivovnaldo Alexandre/ Gazeta do Povo / Sambaquis são aterros feitos de conchas e moluscosAmpliar imagem
Sambaquis são aterros feitos de conchas e moluscos
Memória
Índios deixaram rastros históricos em conchas e pinturas nas cavernas
Ainda hoje há registros históricos da presença dos índios antes da colonização europeia no Paraná. Um dos mais famosos são os sambaquis, encontrados principalmente no Litoral, que corresponde a aterros elaborados por diferentes populações pré-coloniais, principalmente de conchas de moluscos e, em menor escala, de ossos de animais.
Alguns foram planejados e construídos como grandes centros cerimoniais para a realização de sepultamentos. As grandes montanhas de sambaquis (algumas com mais de 30 metros de altura) revelam inúmeros objetos e rituais das comunidades. Estima-se que existam 340 sambaquis pelo Paraná.
Pinturas
Muitos povos primitivos que ocuparam o Paraná deixaram nas paredes das cavernas memórias de milhares de anos atrás. As pinturas, geralmente vermelhas ou pretas, são figuras de animais associadas a seres geométricos, seres humanos e plantas. A maior parte das pinturas rupestres no Paraná está concentrada em abrigos e cavernas na região dos Campos Gerais.
No fim do mês passado, a arqueóloga do Museu Paranaense Cláudia Parellada descobriu em Piraí do Sul um novo conjunto de arte rupestre. A data estimada das pinturas é de 4 mil anos e retrata uma cena de dança ritual. “É uma descoberta muito importante para o Brasil. Esta área está cadastrada há 22 anos, mas não havia recursos tecnológicos para fazermos a exploração”, diz.
A cena apresenta cerca de 120 figuras, sendo que muitas parecem flutuar, entre elas figuras humanas, animais e seres fantásticos. Segundo a arqueóloga, é um trabalho sofisticado pelos detalhes e porque a maior parte do painel parece ter sido pintada ao mesmo tempo.
Preservação
Veja alguns patrimônios pré-coloniais tombados como patrimônio histórico no Paraná.
• “Sambaquis A e B do Guaraguaçu”, município de Pontal do Paraná, tombado em 1982;
• “Sítio Arqueológico da Cidade Real de Guairá”, localizado no município de Terra Roxa, tombado em 2007;
• Sítio arqueológico de Santo Inácio, no município de Santo Inácio, em processo final de tombamento;
• Sítio arqueológico de Loreto, no município de Itaguagé, em processo final de tombamento;
• Duas reduções jesuíticas espanholas localizadas nas margens do Rio Paranapanema, em processo final de tombamento.
“Com o clima tornando-se cada vez mais quente e úmido, outros grupos caçadores e coletores migraram para o Paraná, ocupando em momentos diversos tanto o vale de grandes rios, como o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi e o Paraná, como topos de morros e montanhas e o litoral”, afirma Cláudia.
Os primeiros ocupantes eram caçadores-coletores e nômades, mesmo aqueles que produziam seus alimentos. Estes, pela natureza das suas atividades, permaneciam nos lugares por período mais prolongado. Tal mobilidade explica a rápida dispersão do grupo pelo território, criando uma falsa impressão de que o ocupavam completamente. Segundo Cláudia, as variações climáticas explicam parte das rotas seguidas por alguns grupos para facilitar a busca por alimentos. Além disso, disputas de poder, mudanças por mortes e capturas também motivaram as constantes migrações indígenas.
Para caçar, os indígenas usavam armadilhas, arpões e flechas com pontas de osso, madeira e pedra, e preparavam os alimentos com auxílio de talhadores, raspadores e facas lascadas em rochas ou minerais. Testemunhos desse período foram encontrados em um dos sítios arqueológicos mais antigos do Paraná: Ouro Verde, situado no Sudoeste paranaense, no vale do Rio Iguaçu, e onde foram identificados vestígios de caçadores-coletores do grupo chamado Umbu, com mais de 9 mil anos.
Já os primeiros povos ceramistas e agricultores chegaram ao Paraná há 4 mil anos. “Eram os agricultores Itararé-Taquara que moravam em aldeias com 200 a 300 pessoas, divididas entre 4 e 6 casas comunitárias”, conta a pesquisadora. Em áreas próximas plantavam roças de milho, amendoim, feijão e abóbora. Também coletavam mel, pinhão e alguns frutos.
Os indígenas paranaenses viram suas vidas mudarem com a chegada definitiva dos primeiros colonizadores espanhóis a partir de 1550. Os nativos deram adeus ao “sossego”, muitos deles escravizados pelos europeus.
Índios ficaram no fogo cruzado entre portugueses e espanhóis
A rotina indígena no Para­ná começou a mudar com a chegada dos colonizadores europeus. Até 1549, o norte do litoral paranaense era ocupado por aldeias de tupiniquins, de língua Tupi. Na mesma época, até 1560, a baía de Paranaguá era habitada por Carijós, de língua Guarani. Nessa época, o Brasil estava dividido.
O Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha, colocava sob domínio espanhol a Região Oeste do território paranaense (onde hoje fica a fronteira com a Argentina e o Paraguai). Nessa área, denominada Província del Guairá, povoada por grupos indígenas das famílias linguísticas Tupi-Guarani e Jê, a Coroa espanhola fundou três cidades, a primeira em 1554, chamada Ontiveros.
Missões jesuíticas
A antropóloga Cláudia Parellada explica que a partir de 1610, numa tentativa de conquistar Guairá com o menor número de conflitos com os grupos indígenas Guarani e Jê, foram criadas 15 missões jesuíticas, que tiveram apoio da Espanha.
Paralelamente, os portugueses começavam a ocupar o litoral do Paraná, iniciando a fundação de pequenos arraiais. Ainda em meados de 1578, há relatos históricos que apontam a exploração de ouro na região, que seria o primeiro descoberto no país.
Com a descoberta do metal precioso, formaram-se Companhias de Índios das Minas para explorar a mão de obra de indígenas carijós, também levados como escravos para as localidades de São Paulo e Goiás. Nessa época, o Litoral era percorrido por indivíduos isoladamente ou por bandeiras predadoras de índios, sem que se fixassem na região.
Caça aos escravos
Os ataques dos bandeirantes portugueses vindos de São Paulo eram constantes na região espanhola do Paraná. O objetivo era afugentar os espanhóis da localidade e capturar indígenas para trabalhar em áreas agrícolas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Muitos índios foram mortos durante essas investidas dos europeus.
Esse processo de destruição durou até 1631, quando todas as missões foram destruídas ou simplesmente abandonadas. A cidade espanhola de Villa Rica foi sitiada por três meses pelos paulistas e arrasada em 1632. Ciudad Real del Guairá foi abandonada na mesma época, pois os habitantes temiam o ataque dos bandeirantes. Assim, a Região Oeste do Paraná tornou-se parte da Coroa portuguesa.
Somente em 1646 o lusitano Gabriel de Lara, motivado pela exploração de ouro na região onde hoje é Paranaguá, iniciou o povoamento português nessa região do estado, efetivando a mineração no Paraná.
Fonte: <http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1452564&tit=Parana-nasceu-ha-10-mil-anos> acesso em 08/03/2014.